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12 Jun 2023 | 5 minutos • Newsletter

Simplicidade

Maximizando a quantidade de trabalho não realizado

Ingrid Machado

Ingrid Machado

Engenheira de computação, especialista em engenharia de software. Autora deste querido blog.

Image de capa do post Simplicidade

Este texto foi originalmente publicado na Trilha de Valor #32: Transição de carreira, que foi enviada no dia 10 de agosto de 2022. Para receber a newsletter na sua caixa de entrada, inscreva-se aqui.

Com as mudanças que andam acontecendo na minha atuação como Gerente de Engenharia, estou trabalhando para atuar de acordo com o seguinte princípio ágil:

Simplicidade - a arte de maximizar a quantidade de trabalho não realizado - é essencial.

E, por mais que eu saiba que todos os princípios possuem fundamento e lógica, é muito difícil aplicar esse em específico no meu dia a dia. Principalmente quando estamos saindo de um contexto com excesso de tarefas e vindo de ambientes que valorizam estar ocupados ao invés de estar gerando valor.

Inclusive, o pipeline de liderança define que um dos pontos para fazer a transição para a gestão é gerenciar bem o tempo. E, por isso, vejo a simplicidade como uma forma de ser ágil na minha atuação como gestora. Porém, não é apenas maximizar a quantidade de trabalho não realizado por si só. É preciso avaliar se os resultados esperados estão sendo alcançados e o que pode deixar de ser feito.

Quais são os resultados esperados

Para entender se estamos simplificando de forma consciente e eficiente, podemos iniciar avaliando qual é o resultado esperado de cada atividade que fazemos. O que também implica em listar as nossas atividades.

Por exemplo, se uma demanda chega para o time, entender qual é o resultado esperado é o caminho mais fácil para definir a solução mais simples possível. Muitas vezes a solução chega pronta e gastamos tempo e recursos para entregar algo que não resolve nenhuma dor.

Outro exemplo pode ser a criação de relatórios. Sem saber qual é o objetivo e as respostas que o relatório deve fornecer, caímos na armadilha de criar materiais de forma indiscriminada. Um efeito colateral é uma boa quantidade de relatórios cheios de informações que não são acompanhados por ninguém.

O que pode deixar de ser feito

Sabendo o resultado esperado da demanda, atividade ou até mesmo do seu papel fica muito mais fácil abrir mão de algo. Falo por experiência própria que é muito difícil estar acostumado a sempre assumir as atividades sem dono para que o time não pare e, além de ficar sobrecarregado, também sofrer por não saber o que parar de fazer.

A estratégia que adotei consiste em listar as atividades, entender quais são os pontos de atenção do time, priorizar e comunicar a priorização. Só depois dessas etapas consegui começar a parar de fazer algumas atividades e, surpreendentemente, ver o dia a dia do time avançar.

Parece até contraintuitivo, mas diminuir a quantidade de atividades pode ser a resposta para melhorar o resultado. Pior do que não fazer algo é fazer alguma coisa errada ou que não contribui com os objetivos. Pense nisso no momento em que estiver paralisado pelo excesso de trabalho e organize as suas atividades para conseguir visualizar o que está sendo executado sem necessidade.

Teorias que sustentam esse princípio

Se, assim como eu, você também precisa de alguma explicação além para se convencer a deixar de executar algumas tarefas, compartilho duas teorias que sustentam que fazer menos nem sempre significa fazer pouco.

A primeira teoria é a Lei de Parkinson, que diz o seguinte:

O trabalho se expande de modo a preencher o tempo disponível para a sua realização, quanto mais tempo, mais importante e exigente o trabalho parece.

Quando temos um resultado a ser entregue com um prazo definido, podemos entender a partir dessa regra que o trabalho será feito. Porém, preenchendo todo o tempo disponível. Se fizermos apenas o suficiente (o mais simples) podemos ocupar esse tempo com algo que realmente trará valor e será executado sem um grande cansaço mental. Para essa última afirmação, me apoio num estudo sobre a interferência da tarefa dupla e no custo da mudança de contexto.

Já é conhecido que a multitarefa não é verdadeira para todos os casos. Quando precisamos focar em uma atividade, não conseguimos focar em outra ao mesmo tempo. E passar de uma atividade para a outra não nos torna mais produtivos, justamente pelo processamento necessário para a troca de contexto. Por isso, focar no que precisa ser feito é muito mais eficiente e ainda torna o dia a dia de trabalho menos cansativo.

Nesse ponto, também considero importante fazer um bom planejamento do seu dia. Senão essa definição pode se tornar um vilão e tarefas que deveriam ser simples e rápidas podem ocupar um tempo desnecessário e perder a sua característica de simplicidade.

A segunda teoria é o Princípio de Pareto (ou Regra 80/20), que diz o seguinte:

80% dos efeitos vêm de 20% das causas.

Ou seja, mais uma teoria que mostra que estar cheio de tarefas para se sentir produtivo pode ter o efeito contrário. Se 80% do que produzimos vem de 20% dos esforços, precisamos ser muito intencionais na nossas atividades. Se deixarmos de lado o que não traz o resultado esperado e focarmos de verdade no que vai atingir os nossos objetivos, teremos um impacto cada vez maior com cada vez menos esforço.

E essas duas teorias nos mostram que um planejamento de tempo é bem importante. Fazer o que é preciso e de forma simples nos deixa com mais tempo livre. Esse tempo pode ser aproveitado para descansar, estudar e refazer todo o caminho de avaliar quais resultados precisam ser entregues e como eles serão atingidos da forma mais simples possível. Reforço isso porque ficar com tempo totalmente ocioso também não é interessante e a simplicidade de verdade deve emergir de forma consciente.


Nesse texto, aproveitei para compartilhar links de alguns materiais e teorias que venho estudando para conseguir fazer essa transição para um dia a dia mais simples, sem me sentir ansiosa por estar “produzindo menos”.

Caso você tenha mais alguma dica sobre isso, sinta-se à vontade para comentar compartilhando.

Até a próxima!

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