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26 Jun 2023 | 11 minutos • Newsletter

Aprendendo a aprender

Algumas dicas do curso

Ingrid Machado

Ingrid Machado

Engenheira de computação, especialista em engenharia de software. Autora deste querido blog.

Image de capa do post Aprendendo a aprender
Foto de JESHOOTS.COM, via Unsplash

Boa parte deste texto foi originalmente publicada na Trilha de Valor nas edições #38: Busca pela produtividade, #46: Autoliderança, #47: Erros, #48: Liderança inclusiva e #51: Delegar, que foram enviadas entre os dias 22 de fevereiro e 3 de maio de 2023. Para receber a newsletter na sua caixa de entrada, inscreva-se aqui.

Estive compartilhando as dicas do curso “Learning how to learn” (Aprendendo a aprender) em edições anteriores da Trilha de Valor e decidi condensar os pontos que mais me ajudaram nesse post.

Como não cobri todos os tópicos dentro da newsletter, adicionei mais alguns conceitos importantes para entender como aprendemos de verdade. Também incluí algumas experiências pessoais para complementar cada uma das dicas.

Tipos de pensamento

Para aprendermos algo é preciso ter momentos de pensamento focado e momentos de pensamento difuso. O focado é justamente quando pegamos algo para estudar e nos dedicamos somente àquilo. E o difuso é quando deixamos o objeto de estudo de lado e vamos descansar ou fazer outras atividades. No primeiro momento, estamos levando informações para o cérebro e, em seguida, ele se organiza para transformar essas informações em conhecimento. É por isso que, muitas vezes, temos ideias geniais na hora de ir dormir ou quando estamos tomando banho.

Esse é o primeiro conceito passado no curso e ele forma a base para diversas estratégias de aprendizagem.

Pomodoro

Eu já conheço o Pomodoro há um bom tempo e sei também o quanto é vantajoso para a minha produtividade. Mas nada melhor do que fazer um curso sobre como aprender e ouvir a teoria por trás do método para me fazer levar ele mais a sério.

Desde que finalizei o curso, tenho incorporado o Pomodoro no meu dia a dia de trabalho. E, depois que as quartas-feiras sem reuniões foram implementadas, ficou mais fácil ainda ter esses momentos de foco.

Como comentei na seção “Organização pessoal” da newsletter, costumo marcar muitos momentos de foco na agenda. Mas, às vezes, me perco no que deveria estar fazendo e o tempo reservado não é suficiente para concluir a atividade. Ao fazer Pomodoros nos momentos marcados para foco, não tive mais esse problema. Principalmente porque você deve definir antes o que será feito no seu Pomodoro e então focar apenas nisso. E não é preciso ficar cuidando o relógio, já que o método recomenda o uso de um alarme. Assim, não tem risco de ser distraído nem pelo tempo passando.

Eu não consigo fazer um Pomodoro completo porque geralmente marco agendas de foco de aproximadamente 1 hora. Mas esse tempo é o bastante para fazer duas rodadas de 25 minutos com descanso. E essas duas rodadas geralmente são suficientes para fazer qualquer tarefa pendente que depende apenas de mim.

Trazendo a explicação por trás do método, o Pomodoro funciona porque, quando queremos aprender algo, não podemos ficar totalmente focados. É importante alternar entre os dois modos de pensamento, consumindo o conteúdo no modo focado e deixando o cérebro descansar no modo difuso. O Pomodoro tem os momentos de foco e os momentos de descanso e eles servem basicamente para nos fazer alternar entre os dois modos de pensamento de forma simples.

Outra vantagem do Pomodoro, é que ele nos ajuda a evitar a procrastinação, já que uma das dicas para isso é focar no processo e não no resultado que queremos atingir. E fazer um Pomodoro, é uma forma de focar no processo que queremos seguir. Pois precisamos criar um ambiente sem distrações, configurar o alarme e definir os passos que precisam ser feitos. Com o processo bem alinhado, o objetivo é atingido sem se pensar muito nele, evitando a procrastinação.

Por mais que tenha falado sobre o uso do Pomodoro no trabalho, tenho utilizado o método para estudar e produzir os conteúdos do blog e da newsletter.

No início, foi um pouco difícil me manter focada, sem prestar atenção em algumas distrações que não consigo controlar. Mas, com o tempo, vai ficando cada vez mais fácil entrar no fluxo e a sua produtividade aumenta sem nenhuma sensação de cansaço ou esforço exagerado.

Caso não conheça essa técnica, explico como o Pomodoro funciona nesse post. E até hoje sigo usando o mesmo app que recomendei, já que gamificação funciona muito bem para mim.

Repetição espaçada

Outra técnica do curso “Learning how to learn” que tenho usado é a repetição espaçada. Que consiste basicamente em não tentar aprender algo de uma vez só.

Quando precisamos fixar algum conteúdo, é bem mais eficaz se organizar para estudar em mais de um dia na semana. Porque assim, o conhecimento é reforçado a cada dia e fixado no nosso cérebro. Insistir em aprender algum conceito de uma só vez apenas nos sobrecarrega e não permite que o conhecimento seja retido.

A explicação científica por trás da repetição espaçada está diretamente relacionada com as ligações sinápticas do cérebro. Pois é necessário tempo para que elas se formem e se fortaleçam. Apenas uma sessão de estudo forma ligações, mas sessões espaçadas reforçam essas ligações, permitindo que elas se fixem e que o aprendizado não seja perdido. Por isso, quando quiser aprender algo, a recomendação é que você se planeje para distribuir os momentos de estudo em mais de um dia da semana.

Ter boas noites de sono é um complemento para essa técnica. Porque, durante o sono, o nosso cérebro organiza os conceitos que aprendemos e apaga o que não é tão importante, ao mesmo tempo que fortalece o que precisamos nos lembrar.

Prática deliberada

Você já deve saber que de nada adianta estudar sem praticar. Por isso, a recomendação é que se inclua a prática deliberada no planejamento dos estudos.

Quando aprendemos, são criados padrões neurais. E esses padrões são reforçados com a prática. Então, depois de estudar, faça testes e simulados, encontre uma forma de aplicar o que aprendeu e avalie o que você errou e acertou. Essa autoavaliação vai servir como insumo para as suas próximas sessões de estudo.

Blocos de memória

Blocos de memória são informações que o nosso cérebro consegue acessar facilmente. Por exemplo, quando estamos aprendendo a dirigir, costumamos ficar muito atentos aos pedais e a como passar a marchar. Depois de um tempo de experiência, não precisamos mais nos lembrar ativamente qual pedal é qual para saber passar a marcha. E isso acontece porque formamos um bloco de memória sobre como dirigir.

Pelo exemplo que eu dei, já dá para entender que blocos de memória se formam através da prática focada e da repetição. Mas não são apenas atividades práticas que permitem a formação de blocos de memória. É possível formar um bloco para qualquer conceito que estamos aprendendo, através de algumas práticas.

Sempre que quiser transformar algum aprendizado em um bloco de memória que será facilmente acessado pelo seu cérebro depois, preste muita atenção no que está aprendendo. E é muito mais fácil manter a atenção se iniciarmos pelos conceitos mais simples. Por isso, é recomendado que você organize os seus estudos de forma a consultar primeiro os conceitos básicos e ir evoluindo a dificuldade conforme for entendendo cada um deles.

Além de entender como um conceito funciona, é interessante entender em qual contexto ele pode ser aplicado. Assim, você consegue filtrar quando o bloco de memória pode ser ou não usado. Em uma atividade feita de forma mais automática, é bem importante estar ciente de que está agindo dentro do contexto correto.

Finalmente, mantenha a prática. Assim como no exemplo da direção, você só vai formar um bloco de memória e tornar o conceito natural se continuar praticando de forma contínua. A repetição espaçada é um ótimo aliado para a fixação dos blocos de memória.

Relembrar conceitos

Outra dica interessante é fazer o exercício de relembrar os conceitos aprendidos sem consulta. Você pode fazer isso realizando pausas durante o estudo para relembrar o que acabou de aprender. E, se ao buscar na memória o que acabou de estudar for difícil, então é um sinal de que ainda é preciso revisar o material.

Caso você seja adepto da caneta marca texto, o curso afirma que o mais efetivo é escrever resumos dos conceitos aprendidos nos cantos das páginas. Ao parafrasear, resgatamos o que acabamos de absorver para poder escrever com as nossas próprias palavras. Então, apenas marcar não necessariamente nos ajuda a relembrar, só destaca o que precisamos consultar novamente.

Outra dica do curso é tentar relembrar os conceitos fora do ambiente de estudo. Se você estuda no seu quarto, por exemplo, tente ir para o ar livre e relembrar o que estudou. Fazer essa troca, desassocia o ambiente do conteúdo. Então, quando estiver fazendo uma prova, você lembra do que estudou, porque estar em um ambiente diferente não será um problema.

Reservar tempo para estudar

Se tem algo que aprendi a fazer e que torna o meu aprendizado até mais fácil, é ter um espaço para estudo fixado na minha rotina. Por isso, sei que é importante saber encaixar o aprendizado no seu dia a dia.

No meu caso em específico, eu sempre gostei de estudar. Mas nem sempre foi fácil conseguir aprender o que eu estava estudando. Até mesmo a leitura era difícil, porque como não estava acostumada a ler um livro do início ao fim, ler sem voltar para reler as páginas anteriores parecia impossível. Então, a partir do momento que comecei a apenas trabalhar e decidi manter uma rotina de estudos, precisei me organizar para que essa rotina não virasse um sacrifício.

O primeiro passo foi aprender a ler um livro. Para isso, eu entrei num clube do livro e li um livro de ficção até o final. Na época, fazia muito tempo que eu não lia, então eu demorei bastante para terminar um livro de 288 páginas. Além de não estar acostumada a parar para ler, precisava voltar algumas páginas porque tinha dificuldade decorando o nome dos personagens ou lembrando o que aconteceu antes. Quando comecei com essa prática, não enxerguei a ligação direta entre ler um livro de ficção e aprender melhor, mas hoje entendo que esse foi um passo muito importante para incluir a leitura na minha rotina e para me ajudar a retomar o foco que o celular tinha deteriorado.

O segundo passo foi organizar a minha rotina de aprendizado. Principalmente porque sentia que estudava muito e aprendia pouco. Então, para ter uma rotina mais tranquila e efetiva, fazer um planejamento do que precisava aprender era essencial. Atualmente, deixo momentos na agenda marcados para estudar e defino o objetivo da semana.

Por exemplo, estou fazendo uma especialização no Coursera que tem a sugestão de fazer cada módulo do curso em uma semana. Acatei essa sugestão e tenho como objetivo semanal terminar um módulo do curso. Para isso, tenho uma agenda de 1 hora na segunda-feira para iniciar o módulo e uso mais 1 hora aproximadamente da minha quarta sem reunião para finalizar o módulo. Inclusive, não tento fazer tudo de uma vez para seguir a recomendação da repetição espaçada. E outra recomendação que uso nesses casos é o Pomodoro.

Quando planejo os meus estudos, fazer um módulo por semana até parece pouco. Mas quando vou parar para estudar, vejo que é um volume mais do que suficiente para perceber avanços no meu aprendizado e não ter uma semana ocupada apenas pelos estudos. Com isso, percebi que já seguia as sugestões do curso de fazer listas com as tarefas que quero concluir na semana e organizar os momentos de estudo. Posso confirmar que essas são boas sugestões, porque, pelo menos comigo, realmente funcionam.

Manter bons hábitos

Já falei neste post sobre hábitos saudáveis. Por isso, não irei me aprofundar aqui nos tópicos de dieta, exercícios e rotina organizada. Mas saiba que fazer exercícios físicos cria novos neurônios.

Uma dica do curso que não está no post é manter uma boa noite de sono. Durante o sono, o cérebro organiza ideias e conceitos que pensamos durante o dia. O que é mais importante é reforçado e o que não é tão interessante é descartado. Essa higienização só vai acontecer de forma eficiente e eficaz se você manter um sono de qualidade.

Revisar os assuntos que estão sendo estudados antes de dormir também ajuda no aprendizado. Pois aumenta a nossa capacidade de aprender sem interferir no nosso sono. Se você segue as outras dicas e mantém uma rotina organizada de estudos, revisar o conteúdo antes de dormir não vai fazer você sonhar com ele ou te deixar acordado durante a noite.


Apesar de ser um curso muito legal, entendo que nem todas as pessoas devem se interessar em fazê-lo, por ele ser antigo e um pouco longo. Mas vale muito a pena conhecer e aplicar esses conceitos. Recomendo principalmente para quem sente que estuda e não consegue absorver o conteúdo de forma proporcional ao esforço.

Eu estou aplicando todos esses conceitos nos meus estudos e, desde então, tenho notado a diferença. Sinto que estou absorvendo melhor os conteúdos e que aprendo de verdade. É um processo lento, mas sinto que é muito mais efetivo do que sair tentando aprender de qualquer jeito.

Até a próxima!

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