06 Mar 2023 | 6 minutos • Desenvolvimento pessoal
Lidando com mudanças - Incompreensível
Lidando com a transparência e filtrando informações

Ingrid Machado
Engenheira de computação, especialista em engenharia de software. Autora deste querido blog.

Estamos no último post da série, onde vou falar sobre o mundo incompreensível. Recomendo que você leia primeiramente todos os posts da série “Lidando com mudanças” antes de seguir neste texto:
Dentro do mundo incompreensível, o framework BANI sugere que se lide com transparência e intuição. Mas, além dessas duas sugestões de alívio, também apresento no post mais alguns conceitos que podem te ajudar com essa característica.
Transparência
Muito parecido com o alívio do contexto, ter transparência sobre as mudanças que estão ocorrendo pode trazer muita tranquilidade. Então, para quem está atuando como um agente de mudança, ser transparente com o processo é uma forma de dar mais entendimento e diminuir a ansiedade.
Porém, a transparência precisa de um pouco mais de cuidado do que o contexto. É preciso ter cautela com as informações que são passadas. Principalmente em casos em que a pessoa que recebe a notícia da mudança não tem nenhuma influência sobre o que está acontecendo e fica ciente de informações que ainda não são confirmadas.
O ponto de cuidado aqui é para não tornar o processo de comunicação um gerador de ansiedade. Nesses casos, é preciso buscar o equilíbrio entre o que se tem visibilidade e é informativo e entre o que está muito nebuloso e a divulgação pode causar confusão.
Um nível de transparência é importante, mas temos que permitir que as pessoas foquem no que podem atuar. Obviamente, existirão mudanças em que a atuação também não existe, mas o impacto é direto. Sendo assim, não se pode deixar de ser transparente. A questão é ter bom senso e ser um agente da mudança que avalia o que é divulgado, mesmo quando é uma mudança vista como positiva pela maioria das pessoas.
Intuição
A intuição é a capacidade de entender ou identificar coisas que não dependem de um conhecimento empírico, ou seja, baseado em alguma experiência ou observação. Mas, mesmo com a intuição sendo uma aliada no mundo incompreensível, podemos usar a escada de inferência para nos ajudar nesse ponto.
Se, ao enfrentarmos uma mudança, nós formos diretamente para a intuição, podemos nos precipitar e tomar decisões no calor do momento. Com a escada de inferência, passamos por um processo com várias etapas para organizar o raciocínio e que considera alguns passos para resolver um conflito, que pode ser o que a mudança está gerando.
Em resumo, ela é um modelo pelo qual primeiro a gente analisa os dados disponíveis, adiciona significados, considera as suposições, pensa nas nossas crenças e só depois parte para a ação. A intuição até pode nos levar à mesma conclusão, mas, com o uso da escada, podemos embasar um pouco mais esse resultado, mesmo que sem o conhecimento empírico.
Para o mundo incompreensível, ter a atitude de parar para entender (mesmo que minimamente) uma situação, pode ser a diferença entra as boas e as más decisões.
E assim como fiz em posts anteriores, quero trazer alguns conceitos que podem complementar as duas sugestões de alívio do BANI:
Círculo de influência
Ao lidar com uma mudança, você pode pensar no círculo de influência para saber o quanto deveria estar gastando a sua energia com ela. O círculo de influência pode ser representado pela seguinte imagem:
O círculo maior representa o círculo de preocupação. Nele, estão todas as situações sobre as quais não temos um controle efetivo. São os casos em que não importa o esforço que fazemos, o estado atual não vai ser alterado.
E o círculo menor representa o círculo de influência. Dentro dele, estão as situações que podemos interferir. São aquelas em que uma ação que fazemos pode alterar o curso do que está acontecendo.
De posse dessas definições, fica fácil entender que nem sempre vale a pena gastar a nossa energia com algo que não podemos mudar. E, por isso, precisamos definir qual foco queremos ter:
- Foco proativo: quando lidamos com o que podemos mudar, direcionando nossos esforços para aumentar o nosso círculo de influência
- Foco reativo: quando focamos no círculo de preocupação, nos deixando controlar por situações que não temos controle nenhum e, consequentemente, reduzindo o nosso círculo de influência
Apesar de não podermos controlar o que está fora do nosso círculo de influência, nós podemos mudar a nossa atitude em relação ao que não podemos modificar. Por isso, tente ter visibilidade do que está dentro e fora dos seus círculos e depois trabalhe na mudança da sua postura para não ser tão impactado por mudanças que não dependem de você.
Infoxicação
Um outro ponto importante do mundo incompreensível é a infoxicação. Ela é a sobrecarga que alguém pode ter quando é exposto a uma quantidade muito grande de informações, como as notícias da COVID, por exemplo. Por mais que todos quisessem se informar a respeito quando a pandemia começou, buscar muitas informações poderia nos deixar confusos ao invés de cientes da situação.
Por isso, é muito importante selecionar as fontes de informação que consumimos. Bem como desenvolver um pensamento crítico, para saber filtrar e interpretar o que nos é passado. Apenas aceitar uma análise e opinião sem se questionar a respeito e tirar as suas próprias conclusões é uma forma perigosa de se informar.
Se alguma vez você se pegou pensando se realmente gostava ou desgostava de algo ou se estava apenas seguindo a opinião geral, então você entende o que estou querendo passar. É muito comum já encontrarmos alguma informação combinada com opiniões e acabarmos apenas concordando, sem tirar um tempo para tirar as nossas próprias conclusões.
Outra recomendação que ajuda a evitar a infoxicação é o controle de uso das redes sociais. Porque, ao limitar o nosso tempo nas timelines, conseguimos dar um descanso para o cérebro. A forma como as redes sociais são implementadas, faz com que o cérebro receba doses recorrentes de dopamina, já que estamos vendo novidades a todo momento. Naturalmente, esse não é (ou não deveria ser) o nosso funcionamento normal.
Ter momentos para descansar e pensar nas informações que recebeu podem ser grandes aliados no entendimento real das mudanças que ocorrem. Lembrando que também é importante não buscar uma quantidade exagerada de informações, para não se perder no meio do caminho.
Mudanças sempre trazem impactos, sejam eles positivos ou negativos. Por isso, a recomendação é que você se prepare da melhor forma possível para recebê-las.
Existe uma frase atribuída à Epícteto que diz:
O que importa não é o que acontece com você, mas como você reage a isso.
Essa é uma forma de pensar que pode ser muito reconfortante e, ao mesmo tempo, motivadora. Porque nós podemos nos preparar para o que vier, atuando naquilo que podemos mudar. Se não estamos prontos, talvez a mudança sirva como aprendizado para uma próxima vez.
Espero que as recomendações dessa série tenham sido úteis e que consigas usar as ferramentas apresentadas para navegar de forma mais tranquila no mundo em que vivemos.
Como sempre, a caixa de comentários está aberta para dúvidas e sugestões.
Até a próxima!
Referências
- Facing the Age of Chaos
- Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes - Stephen R. Covey
- Aprendendo a aprender: poderosas ferramentas mentais para ajudá-lo no domínio de temas difíceis - Barbara Oakley e Terrence Sejnowski
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