Ícone do LinkedIn Ícone do RSS Ícone do Lnk.Bio

06 Mai 2024 | 8 minutos • Insights

A busca por uma vida menos acelerada

Um fechamento para os insights publicados nas últimas semanas

Ingrid Machado

Ingrid Machado

Engenheira de computação, especialista em engenharia de software. Autora deste querido blog.

Image de capa do post A busca por uma vida menos acelerada
Foto de Zosia Szopka, via Unsplash

Nem sempre é fácil ter uma vida menos acelerada. Mas é um esforço que eu considero muito válido.

De certa forma, todos os textos que escrevi no desafio #Mini1000 falavam sobre a minha trajetória em busca de uma vida mais tranquila. Seja escrevendo, me afastando das redes sociais, tendo rotinas bem definidas, pensando na minha felicidade ou lendo, todas essas atividades servem ao meu propósito desse ano.

Quando fiz as minhas promessas de ano novo, também defini o meu lema de 2024:

Eu só preciso ser melhor do que fui ontem.

E acredito que esse foi o primeiro passo para conseguir buscar uma vida mais alinhada com o que eu acredito ser o melhor para mim.

Neste post, pretendo reunir todos os meus pensamentos durante o desafio de mil palavras por dia. E tentar, de alguma forma, trazer uma conclusão sincera para tudo o que compartilhei.

Influência do meu lema

Eu pensei nesse lema especialmente porque me vi, em certo momento, me comparando com a vida de outras pessoas nas redes sociais. Isso era algo que acontecia já há bastante tempo, mas só ficou claro quando li o livro “Resista: Não faça nada”.

A autora fala sobre a importância de lembrar que as redes sociais são apenas um recorte da vida de alguém. Coisas que as outras pessoas escolhem mostrar de forma deliberada. O que significa que ninguém passa o ano inteiro viajando, comprando coisas, fazendo cursos ou até mesmo felizes.

Aos nos compararmos com um recorte selecionado da vida de outra pessoa, nos colocamos numa posição muito cruel com nós mesmos. Porque não tem como competir. O que acontece de ruim, geralmente, fica escondido. Então, não faz sentido nenhum pegar dois referenciais diferentes (parte do outro e a totalidade do que é seu) e tentar comparar.

Por isso, entendo que o meu lema foi a definição mais importante que fiz para mim esse ano. Se eu quero ser uma pessoa melhor, eu preciso apenas comparar a Ingrid de ontem com a Ingrid de hoje. E só então definir se houve uma evolução, retração ou estagnação. Confia em mim, é libertador querer parar de ser e ter algo que vimos online e começar a refletir sobre quem queremos ser e o que precisamos, de fato, ter.

Redução nos estímulos

Já citei nessa série de textos sobre o quanto o nosso cérebro não está preparado para lidar com a quantidade de estímulos que recebemos todos os dias. Seja rolando a timeline, recebendo notificações, lendo assuntos de contextos diferentes ou assistindo televisão.

Na minha busca por uma vida menos acelerada, voltei a usar o monitor de atividades do Android para controlar quanto tempo passo no celular. No momento tenho a seguinte configuração:

O valor que defini como meta de tempo de tela não bloqueia o celular. Mas todos os outros tempos que defini bloqueiam o uso do aplicativo, sendo possível abrir novamente somente no dia seguinte.

Para mim, uma das maiores vantagens desse limite é entender o quanto o tempo passa sem que a gente perceba quando estamos distraídos. Eu já tive dias de 8 horas de uso no celular, sendo quase 5 horas no Twitter. Se eu não tivesse essa métrica e alguém me perguntasse sobre o meu uso de redes sociais, teria provavelmente respondido na época que não passava nem 1 hora rolando a timeline.

Largar o celular como uma extensão de mim me faz ver o mundo de forma diferente. Consigo focar mais facilmente nas minhas atividades, consigo acompanhar uma conversa sem me sentir entediada e perdi a sensação de que estou sempre perdendo algo, o famoso FOMO.

Mas não vou mentir que o início é bem difícil. Deixar de estar conectada praticamente o dia inteiro é desafiador, porque estamos tentando mudar um hábito que está muito impregnado. Por isso, recomendo trocar a rotina de usar o celular por outra que traga as mesmas recompensas.

Outras ações que tenho feito para me deixar menos dependente do celular incluem:

Quem me conhece já sabe que não sou a melhor pessoa para responder mensagens urgentes. Quem precisa falar comigo na hora, precisa me ligar. E, de preferência, garantir que eu tenho o contato salvo, porque senão a função do não perturbe bloqueia a ligação na hora.

Outra sinalização que deixo é a mensagem “Desculpa pela demora na resposta” no meu status do WhatsApp. Dentro do aplicativo, eu só tenho a conversa da minha mãe e do meu marido fixadas. Assim, quando confiro as mensagens, elas estão sempre no topo. O restante eu só vou ver quando tiver um momento para conseguir focar para ler e responder.

O único problema que tenho na minha estratégia é que o meu trabalho usa autenticação de dois fatores em várias ferramentas. Por isso, desde quando essa política de segurança foi implementada, trabalho com o celular na mesa de trabalho, sempre bloqueado. Antes disso, costumava deixar ele dentro do guarda-roupa ou no sofá da sala. E só mexia nele nos intervalos do trabalho.

Sinto que alguns comentários meus parecem os de uma viciada. E a realidade é que eu tinha um vício em celular. Quando vi as métricas do meu monitor de atividades, fiquei incrédula e percebi o quanto do meu tempo livre eu perdia imersa numa tela. Desde então, mantenho uma rotina para não voltar a esse patamar.

Consumo diversificado

Me afastando do smartphone, senti a necessidade de buscar outras formas de aproveitar o meu dia. Sinto que agora tenho mais tempo livre, o que é verdade, e consigo fazer várias atividades que antes não fazia por não ter tempo.

Estou fazendo um curso de bordado, que me ajuda muito a ter momentos sem pensar em nada no final do dia. Mensalmente, bordo frutas disponibilizadas dentro da plataforma de bordado que assino e as considero o meu desafio do mês. Também estou bordando um calendário chamado “embroidery journal”. Que nada mais é bordar algo que simbolize o meu dia todos os dias. Também está me ajudando a prestar mais atenção nos dias, sem deixar uma semana passar sem ser percebida. Com isso, estou consumindo muitos textos e vídeos sobre bordados.

Estou lendo muitos blogs e newsletters. Eu sempre me surpreendo com a quantidade de conteúdo sobre qualquer assunto que existe na internet. As redes sociais nos condicionaram a olhar sempre para o mesmo lugar, mas existem pessoas espalhadas pelo mundo todo com projetos interessantíssimos que trazem muito valor para o meu dia a dia.

Estou lendo e aprendendo bastante. Desde o ano passado, sinto que o meu ritmo para leitura e estudo entraram em sintonia. Atividades que antes eu considerava massantes viraram um passatempo com todo o tempo que tenho disponível agora. Não me obrigo a seguir lendo e estudando o que não me agrada. Com isso, também estou aprendendo a abrir mão de seguir com algo até o final apenas porque iniciei e não quero me considerar uma desistente.

Fazer mais o que gosto

Gosto bastante de cozinhar, jogar e ficar no sofá vendo vídeos no Youtube. Mas essas eram coisas que não aconteciam com frequência e, quando aconteciam, eu não focava e tornava os momentos mecânicos demais.

Atualmente, faço as minhas marmitas ouvindo podcasts ou audiolivros. Costumo ficar umas 2 horas, aproximadamente, cozinhando as refeições da semana. E esse tempo passa muito rápido. Eu gosto de cozinhar, é uma atividade que me acalma quando tenho tempo suficiente para fazer tranquilamente. E eu me distraio bastante ouvindo podcasts. No final da atividade, nem acredito que consegui deixar todas as refeições da minha semana organizadas em tão pouco tempo.

Também andava jogando pouco. Mas agora estou conseguindo jogar um Picross diariamente no meu 3DS. Estou ainda com saudades do Super Mario Wonder, mas acabei deixando ele de lado depois de zerar todas as fases.

E o YouTube é praticamente o que sempre assistimos na TV aqui em casa. Muitos criadores migraram da Twitch e fazem live no YouTube. Então, temos muito conteúdo para assistir durante o dia.

Basicamente, deixar o celular de lado abriu espaço para diferentes tipos de lazer. Que acabavam esquecidos enquanto eu estava distraída pela tela.

Uma nova visão sobre produtividade

Gosto muito de ser uma pessoa produtiva, seja em casa ou no trabalho. Mas ando refletindo bastante sobre o quanto estou equilibrando a minha produção com momentos de descanso e lazer.

Quando chega o momento de pensar que preciso de férias, percebo que vou acumulando os problemas e não tendo momentos de descompressão. Nesse ritmo, fica difícil lidar com os desafios que encontro todos os dias. Às vezes, me iludo pensando que tenho problemas demais no trabalho, então uma onda de realidade me atinge, lembrando que fui contratada justamente para resolver esses problemas. Por isso, eu tenho que saber gerenciar a minha carga de trabalho e lidar com o stress do dia a dia.

Então, por mais que goste de me sentir produtiva, tenho que ficar consciente de que só atinjo esse estado quando estou descansada. É muito fácil cair no mito do “trabalhe enquanto eles dormem”, mas é difícil ser feliz seguindo uma dica que esquece que temos vida pessoal e outros interesses.

Atualmente, prefiro ter uma produtividade mais baixa e constante, do que ter picos rápidos e espaçados. Dessa forma, prolongo a sensação de ser útil e sou mais gentil comigo nas cobranças que me faço.


Esse é um assunto que eu poderia seguir escrevendo indefinidamente. Porque é algo que penso constantemente e trabalho para mudar na minha rotina. Mas vou te poupar do textão e deixar para compartilhar mais a respeito em posts futuros.

Se você leu todos os textos do desafio #Mini1000, muito obrigada. Não costumo compartilhar tantas reflexões pessoais e realmente espero que tenha sido útil falar sobre as minhas experiências para quem tem os mesmos questionamentos.

Caso não tenha lido os outros posts, este link tem a lista com todas as seis publicações. Te convido a ler e deixar o seu feedback sobre cada tema.

Até a próxima!

O link do post foi copiado com sucesso!

Mais conteúdos de Ingrid Machado

Imagem de capa do post Sobre as enchentes no Rio Grande do Sul

17 Mai 2024 • Insights

Sobre as enchentes no Rio Grande do Sul

Escrevo sobre as enchentes a partir de um lugar privilegiado. Digo isso porque, mesmo estando em Porto Alegre, eu não precisei sair de casa, moro próximo de uma Estação de Tratamento de Água (ETA) ...

12 minutos

Imagem de capa do post O que é felicidade

22 Abr 2024 • Insights

O que é felicidade

Tenho estudado sobre o que é felicidade e as respostas que encontrei são bem satisfatórias. Mas pôr em prática o que aprendo nem sempre é fácil. Acredito que me voltei para esse tema por estar viv...

8 minutos

Imagem de capa do post Experimentações nos projetos

25 Mar 2024 • Insights

Experimentações nos projetos

No momento, eu tenho 3 projetos rodando: o blog, a newsletter e o clube do livro. E se tem algo que é comum a todos eles, é que eu não esperei encontrar o formato perfeito para o lançamento e que n...

11 minutos

linkedin icon
LINKEDIN
Twitter icon
TWITTER
RSS icon
RSS
Lnk.Bio icon
LNK.BIO

Ingrid Machado © 2019 - 2024

• Ingrid Machado © 2019 - 2024

• Layout por Victoria Facundes • Desenvolvido por Cristhian Rodrigues

VOLTAR AO TOPO

voltar para o topo