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18 Mar 2024 | 4 minutos • Carreira

Não seja o seu trabalho

Os conselhos que eu gostaria de ter ouvido antes

Ingrid Machado

Ingrid Machado

Engenheira de computação, especialista em engenharia de software. Autora deste querido blog.

Image de capa do post Não seja o seu trabalho
Foto de Jill Heyer, via Unsplash

Escrevo esse post após um período lendo muitos relatos sobre pessoas que não conseguem se desvincular do trabalho ou que dedicam a sua vida totalmente a alguma empresa. Decidi escrever novamente sobre como me deixei levar e tornei o meu lado profissional a minha personalidade. Até que fui puxada de volta para a realidade e lembrei que eu também era uma pessoa fora do trabalho.

Início na faculdade

Sempre tive muitos exemplos de pessoas trabalhadoras na minha família. Mas a minha dedicação para tentar ser a melhor e ter uma chance no mercado de trabalho iniciou na faculdade. Já falei sobre isso na série “Hack de carreira”, mas gostaria de apenas reforçar que é nesse momento que senti a competição começar. Uma competição em que o outro concorrente era eu mesma.

Quando passei no vestibular, achei que ia aprender uma profissão e estar pronta para trabalhar. Quando peguei o meu diploma, havia entendido que precisaria estar sempre me provando.

As conquistas

Eu tive boas oportunidades em seguida que me formei e consegui fazer muitas coisas que eram inimagináveis para o meu eu adolescente. Eu saí da casa dos meus pais, ganhei liberdade, comecei a comprar algumas coisas que sempre quis e a mudar o meu estilo de vida de forma geral. A cada mudança de emprego, o gosto das conquistas só continuava bom se a próxima conquista fosse maior. E foi exatamente assim que entrei no ciclo de pensar apenas no trabalho.

Foi graças ao meu trabalho que comprei tudo o que eu tenho. Se eu quero ter mais e seguir crescendo, é óbvio que tenho que seguir trabalhando mais e mais, não é?

A volta para a realidade

Um dia o meu namorado, agora marido, me deu um ultimato: ou eu escolhia o trabalho, ou eu escolhia ter uma vida pessoal. Esse é um resumo bem resumido, mas eu passava praticamente a semana útil inteira sem ver ele e o final de semana descansando sem querer fazer nada. Quando ele expôs a situação, foi como se alguém jogasse um balde d’água na minha cara.

No início do nosso relacionamento, eu falei para ele o quanto o trabalho vinha na frente de tudo na minha vida. Acho que na época ele não acreditou e quando viu que era verdade deve ter ficado surpreso com o quanto eu estava falando sério. Mas quando ele me chamou de volta à realidade e eu apenas parei para refletir sobre a minha rotina, eu entendi que estava vivendo no piloto automático. Eu não era mais a Ingrid, eu era a funcionária da empresa em que estava e apenas isso.

Um dia eu fui embora de Uber do trabalho porque o estacionamento fechou e eu esqueci que o meu carro estava lá. Esse era o nível do quanto eu focava apenas no trabalho e não pensava nem um pouco no meu bem-estar.

O meu pensamento atual

A minha pequena obsessão em falar sobre desenvolvimento pessoal vem desde essa época. O blog inclusive nasceu muito próximo desse momento em que estava tentando descobrir o que gostava de fazer além de trabalhar. Tudo bem que estudar e falar sobre coisas que envolvem o trabalho não está tão perto assim de um hobby, mas eu estava escolhendo o que eu gostaria de fazer. Não era ninguém escolhendo por mim.

Eu sigo trabalhando com a mesma dedicação de sempre. Só que agora me mantenho dentro do horário de trabalho. Quando tem uma exceção, ela é realmente uma exceção. Quando eu tenho um compromisso pessoal, ele é prioridade. Eu sinto que os problemas de trabalho me afetam muito menos, porque agora quando eu desligo o computador, eu só lembro do trabalho quando ligo ele no dia seguinte.

Não foi fácil e eu sigo me controlando para não me perder. Mas hoje eu vejo o quanto eu tenho um dia a dia em que eu trabalho e vivo a minha vida. Eu aproveito as manhãs, eu estou em família de noite, eu curto os meus hobbies antes de dormir. Coisas básicas que eu não conseguia fazer porque tinha horário para iniciar o trabalho, mas não tinha hora para sair.

Não vou mentir para você dizendo que o trabalho não me afeta em nada. Eu ainda quero ser produtiva e uma boa integrante do meu time. A diferença principal é que quando eu vou dormir eu sei que o meu dia não foi só isso.


Eu ainda sigo com um pouco de vergonha de compartilhar algumas coisas mais íntimas. Mas vejo muita gente falando sobre problemas com o trabalho como se todas as pessoas soubessem lidar com tudo na vida, menos a pessoa que está reclamando. Só que a verdade é que todo mundo tem problemas.

Quando estamos no início da nossa carreira, aprendendo como as coisas funcionam e ansiosos pelo que vem pela frente, nós nos dedicamos para construir o nosso nome. Queremos ganhar dinheiro para mudar de vida e, quem sabe, realizar tudo o que sonhávamos quando éramos jovens.

Como alguém que já passou por várias fases diferentes, sempre recomendo que qualquer pessoa tenha uma reserva de emergência, uma rotina saudável, alguém para se apoiar e lembrar que existe vida fora do trabalho. Construir um ambiente em que estamos seguros financeira e psicologicamente nos permite fugir de situações que não deveríamos aceitar apenas porque estamos recebendo um salário.

Espero que mais pessoas consigam mudar o seu relacionamento com o trabalho e manter a vida pessoal em primeiro plano.

Até a próxima.

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