07 Jul 2021 | 4 minutos • Newsletter
Moral do time
Da seção "Falando sobre agilidade"
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Ingrid Machado
Engenheira de computação, especialista em engenharia de software. Autora deste querido blog.
![Image de capa do post Moral do time](/assets/images/posts/covers/moral-time.jpg)
Este texto foi originalmente publicado na Trilha de Valor #2: Bem-estar no trabalho, que foi enviada no dia 19 de maio. Para receber a newsletter na sua caixa de entrada, inscreva-se aqui.
Desde que virei Scrum Master sempre me preocupei com o bem-estar das pessoas, principalmente quando inicio em times que já trabalhavam juntos e vão mudar para o ágil. Por menores que sejam as mudanças iniciais, sempre tem uma certa apreensão e acredito que é importante acompanhar o quanto isso afeta o time. E, mesmo em grupos que já trabalham com certa maturidade, é importante seguir atento às disfunções.
Há algum tempo atrás, encontrei um artigo que falava sobre uma proposta de mensuração da moral do time e decidi usá-lo como parte do meu trabalho como facilitadora. Vou tentar resumir aqui esse acompanhamento, mas também recomendo a leitura do material completo.
O que é a moral do time
Existem vários modelos para medir a felicidade do time, mas muitos questionários possuem perguntas muito abrangentes, que nem sempre geram resultados mensuráveis. Para ter métricas estatisticamente melhores e mais orientadas ao time, a proposta é medir a moral do time.
A moral da equipe é o entusiasmo e a persistência com que um membro de uma equipe se envolve nas atividades prescritas desse grupo.
Medir a moral é uma proposta orientada ao time e às tarefas, inclui a felicidade de forma sutil, é menos suscetível às variações de humor do momento e é um conceito menos tendencioso.
Por que medir a moral do time
Dentre as vantagens da moral alta podemos listar maior colaboração, orgulho em fazer parte do time e um esforço extra dos membros do time para atingir o objetivo da Sprint. Também é importante destacar que times com a moral baixa possuem baixo engajamento, as pessoas geralmente focam nas tarefas individuais e existe uma desistência mais rápida perante os problemas.
Posso falar com conhecimento de causa que acompanhar a moral e trabalhar para elevá-la gera resultados que vão além de qualquer nova ferramenta ou novo processo de trabalho que possamos implementar. Durante o processo, você deixa de ter um time que trabalha para você e começa a ter um time que trabalha com você. Acredite em mim quando digo que esses dois formatos têm uma enorme diferença.
Como medir
Para medir a moral do time, é feito um questionário com as seguintes perguntas:
- Estou entusiasmado com o trabalho que faço pelo time
- Eu acho que o meu trabalho no time tem significado e propósito
- Tenho orgulho do trabalho que desempenho para o time
- Para mim, o meu trabalho no time é desafiador
- Me sinto cheio de energia trabalhando com o meu time
- Me sinto como parte do time
- Me recupero rapidamente depois de cada imprevisto que acontece no time
- Sinto que quero seguir trabalhando no meu time por muito tempo
Cada uma das afirmações deve ser avaliada numa escala de 1 a 7, sendo que valores mais altos indicam que a afirmação está mais de acordo com a realidade. O autor do artigo possui uma ferramenta online para acompanhar a moral do time, mas geralmente uso as ferramentas corporativas disponíveis para colher esses dados. Atualmente, faço um formulário no Microsoft Form com uma escala likert.
Solicito as respostas a partir da metade da Sprint, enviando o formulário por email para o time. Não costumo ter isso como uma atividade obrigatória, então fica em aberto para quem deseja preencher. Mas, geralmente, recebo respostas de todos os integrantes.
Analisando os resultados
A moral pode ser avaliada de forma consolidada (moral do time) ou de forma individual. Apesar da recomendação de mensurar a moral pela média das respostas, gosto de acompanhar os valores de cada resposta.
Para cada integrante, gero um gráfico onde acompanho a evolução dos resultados por Sprint. Na análise, avalio os gráficos para identificar se algum distúrbio impactou os resultados e se existem desvios no histórico que possam indicar a necessidade de intervenção.
Com o resultado individual, a intervenção necessária geralmente é uma conversa rápida com o integrante do time a respeito do ponto com maior desvio, para entender o que gerou essa mudança. Se você já faz conversas de acompanhamento individual, acredito que esse é o melhor momento para entender como ajudar a elevar a moral individual. Senão, considere fornecer esses momentos de troca durante a Sprint.
Para acompanhar a moral do time, os resultados consolidados servem como insumo para discussões na retrospectiva, onde o time como um todo pode sugerir melhorias. Além disso, é possível apontar pontos negativos que nem sempre são verbalizados.
Pensando no uso dos resultados como uma métrica de gestão dos times, é possível abordar os seguintes pontos:
- Investigar se o time rodando Scrum tem a moral mais alta;
- Detectar as fontes da baixa e da alta moral do time;
- Investigar as consequências da baixa e da alta moral do time, a nível de performance e percepção do time pelos outros times.
Pense no acompanhamento da moral como um indicador de que estamos indo na direção correta, com o time altamente engajado e satisfeito com o andamento do trabalho. Além de ser importante para os integrantes do time, você como Scrum Master (ou qualquer papel de gestão) pode se beneficiar, aumentando a sua própria moral ao conseguir fazer melhorias para ter resultados sempre positivos.
Caso tenha interesse, confira também o post Moral do time dentro da categoria Facilitação, onde explico como faço essa mensuração na prática.
Até a próxima!
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