Penhasco de vidro

Este texto foi originalmente publicado na Trilha de Valor #52: Penhasco de vidro, que foi enviada no dia 17 de maio de 2023. Para receber a newsletter na sua caixa de entrada, inscreva-se aqui.

Navegando pela timeline do LinkedIn, me deparei com uma publicação comentando sobre o anúncio a respeito da nova CEO do Twiter. Nela, estava um conceito chamado “penhasco de vidro”, que fala sobre a tendência de mulheres serem indicadas para as posições de lideranças mais difíceis. Não conhecia o termo, mas achei o fenômeno interessante. Por isso, me aprofundei no artigo e quero compartilhar aqui o que o conceito envolve.

O penhasco de vidro define um fenômeno em que mulheres e pessoas que se encaixam em grupos minoritários são a escolha principal para posições de risco. Pegando o exemplo do Twitter, Ellon Musk assumiu como CEO após a compra da empresa. Mas depois de diversos problemas de gestão e estratégia, prejuízos e danos à imagem da empresa, uma CEO mulher está prestes a ser anunciada para assumir o cargo. Esta CEO está à beira do penhasco de vidro.

Apesar de ser o exemplo de uma grande empresa, esse fenômeno pode ser observado em diversos locais: de pequenas a grandes empresas, nos setores público e privado e até mesmo no esporte. Um ponto muito interessante é que esse é um fenômeno demonstrado empiricamente. Ou seja, foi comprovada a existência através da observação, deixando pouca margem para quem quiser duvidar da situação. Uma boa informação, considerando que a dúvida já é algo que as mulheres estão acostumadas a enfrentar.

A origem do termo foi uma resposta a um artigo que afirmava que empresas com mulheres presentes na diretoria performavam pior. Sugerindo abertamente que as empresas britânicas estariam melhor sem a presença de mulheres no conselho. Os pesquisadores que leram o artigo ficaram intrigados e foram a fundo para descobrir o que estava por trás dessa afirmação. Analisando os dados, eles concluíram que as mulheres assumiam essas posições de liderança com as empresas já demonstrando baixa performance. E o mesmo padrão não era encontrado nas empresas da amostra em que homens assumiam a liderança.

Outros estudos demonstram a tendência de que quando se pensa em características necessárias para a gestão, elas estão mais alinhadas às características tipicamente masculinas. Mas, quando se pensa em características necessárias para gerenciamento de crises, elas estão mais alinhadas às características tipicamente femininas. Nessa linha, é observado que, em tempos de crise, estratégias para mudanças na liderança são implementadas e, na maioria das vezes, incluem aumentar o número de mulheres na posição.

A predisposição de mulheres para aceitar desafios ou o pensamento de que mulheres aceitam liderar na crise porque entendem que têm poucas oportunidades, também é um fator a ser considerado. Ou seja, as oportunidades são tão escassas, que as mulheres aceitam o que é oferecido para mostrar que possuem o que é necessário. Destaquei este ponto aqui para mostrar todos os lados das referências, mas não existe muito impacto da preferência das mulheres na existência do penhasco de vidro.

Num primeiro momento, fiquei muito surpresa em descobrir esse fenômeno. Mas a verdade é que, parando para pensar, faz muito sentido. Existem muitos padrões de comportamento e situações que ocorrem em que podemos enxergar que pessoas de grupos minoritários não recebem um tratamento igualitário. Eu mesma já estive em situações em que era alocada apenas em projetos atrasados ou que não estavam batendo a meta. Por isso, consegui me relacionar muito com essa definição.

Se você, assim como eu, ficou com curiosidade a respeito de como esse fenômeno se manifesta, essa página tem alguns exemplos. Ler esse tipo de coisa me deixa muito pensativa e não poderia deixar de compartilhar aqui a respeito.

Até a próxima!

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