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11 Jul 2020 | 5 minutos • Insights

Devaneios de quarentena

Texto para quem está sem nada para fazer, além de ler coisas aleatórias na internet

Ingrid Machado

Ingrid Machado

Engenheira de computação, especialista em engenharia de software. Autora deste querido blog.

Image de capa do post Devaneios de quarentena
Foto de Elton Yung, via Unsplash

Estas coisas já estavam na minha cabeça há algum tempo. Este post já estava cheio de tópicos desconexos. Mas mesmo assim, decidi escrever e deixar registrado o tanto que essa quarentena está mexendo comigo.

Primeira percepção é que as semanas passam muito rápido. Segunda-feira termina e o dia seguinte já é sexta-feira. O final de semana acaba antes mesmo de começar. O mês acabou e eu nem percebi que passei pela primeira semana do mesmo. Ainda que eu tente manter uma rotina organizada tenho essa percepção. Imagino se voltasse a passar o dia inerte, como era no início da quarentena em férias compulsórias. Talvez já seria 2021.

Mas mesmo com o tempo correndo como se não respeitasse as regras de antes, consigo ter momentos de alto rendimento. Porém, eles também oscilam. Em uma semana tenho um pico de produtividade, onde escrevo a nova série de posts sobre o Scrum, finalizo o meu TCC, assisto séries e organizo todas as tarefas do trabalho. Na outra semana, trabalho de pijama, almoço qualquer coisa e não faço nem o mate de todas as manhãs.

Cheguei à conclusão de que estou apenas passando pela quarentena. Na minha vida pessoal, existem os sonhos que foram adiados e não têm previsão de voltar, as notícias que só trazem angústias e as que trazem uma perspectiva de um futuro diferente carregam uma certa apreensão. Vidas negras importando, talvez não para todos, já que os comentários que leio no Twitter assustam e mostram que o movimento não pode morrer. Na vida profissional, dúvidas e o sentimento de que é somente uma forma de pagar as contas.

Numa tentativa de atenuar a situação, penso nas pessoas que não têm condições de ficar em casa como estou no momento. Ajudo sempre que possível e espero seguir com condições para me manter fazendo isso. Ao mesmo tempo, lembro que cada um sabe da sua condição e não é porque alguém está pior que a sua dor não dói. Então me permito ficar triste com a minha própria condição.

Voltei a programar e estou avaliando a possibilidade de ser uma volta à vida de programadora. Sei que estou empolgada com o desenvolvimento de jogos e também sei que desenvolver por hobby é muito diferente de desenvolver profissionalmente. Sendo assim, continuo avaliando e, conforme escrevo a série de posts sobre o Scrum, lembro porque me identifiquei tanto com a forma de trabalho proposta e com o papel de Scrum Master. Enfim, momentos de decisão onde não decido nada.

Como disse, entreguei o meu TCC. Apresento ele na semana que vem e, como estou numa baixa de produtividade, parece que preparar a apresentação está sendo mais trabalhoso do que ter desenvolvido o próprio TCC. Espero ter boas notícias após a defesa e que isso me motive a entrar na fase de alta produtividade que algo do tipo me trás.

Ontem li o artigo da Nandini Jammi a respeito da participação dela que foi apagada no Sleeping Giants. Se um projeto com um motivo tão nobre conseguiu apagar a participação de uma mulher nas conquistas, o que podemos esperar dos ambientes que nem têm a transparência como valor? Fiquei revoltada lendo e espero que você leia e fique no mínimo intrigado.

Enquanto escrevo os posts sobre o Scrum, releio o Manifesto Ágil e, ao reler a história de como ele foi criado, percebo termos que nunca tinha dado a devida atenção. Como o termo “Dilbertesque corporations”, por exemplo. É engraçado como o contexto do leitor ao ler o texto influencia diretamente no que ele consegue extrair do que está sendo dito. A cada nova leitura, uma nova interpretação. Ia entrar no mérito de que a pessoa que eu sou hoje não é a mesma de ontem, mas não vou deixar Dark me influenciar tanto assim ‒ diz ela, totalmente influenciada.

Mas, apesar de ser um post que começou a ser escrito anteontem, ele possui muitas opiniões formadas a partir de acontecimentos de ontem. Ontem meu namorado me disse pela manhã que eu tenho que postar tudo o que eu penso. Sim, tenho medo de escrever algumas coisas, mas na verdade a palavra correta é vergonha. Sou um livro aberto com as pessoas que convivem comigo, mas sou mais reservada na minha vida pseudo pública das redes sociais. Até mesmo os mais próximos podem estar pensando que estas linhas estão sendo escritas com algum teor alcoólico envolvido. Garanto que não. Mas o ponto principal aqui é que tenho o apoio incondicional dentro de casa e isso é muito importante para que nem todo post vire um muro das lamentações. Agradeçam à ele pela dose mínima de drama contida neste blog.

As outras conversas de ontem foram com dois colegas de trabalho que considero como grandes amigos. Um conheço há mais tempo do que o outro, mas eles decidiram combinar os discursos. Esse meu texto com tons de derrota vem sendo repetido com certa frequência, talvez seja por isso que as opiniões se alinham. Mas é sempre bom ser relembrada do porquê eu comecei a trabalhar com a agilidade e, mais importante ainda, porque eu me mantive trabalhando com ela. Saber que ainda existem pessoas que acreditam em mim e que me motivam, me faz seguir querendo evoluir. É bem desgastante ser disponível e procurar motivação, mas convivo virtualmente (no momento) com muitas pessoas que são o meu combustível.

Acho que depois de todos esses parágrafos desconexos a conclusão é que estou num momento ruim, mas que poderia ser pior. Estou em casa, estou bem, com o meu emprego mantido e sempre em contato com a minha família e os meus amigos. Fazendo as contas, não estou num momento ruim, só preciso prestar mais atenção no que está à minha volta. Vide as conversas no whatsapp com fotos dos velhos tempos que só trazem alegria. Ninguém lembra dos problemas.

A conclusão depois de escrever todas essas linhas é que preciso pensar um pouco mais. Não posso tomar nenhuma decisão impulsiva, pois o momento não permite. Vou me dedicar mais ao conteúdo do blog, que me serve como uma boa distração. Mês que vem ele faz um ano e não tem conteúdo o suficiente pra justificar tanto tempo. Talvez seja hora de mudar isso.

Bom, se você chegou até aqui, espero que não se assuste e continue visitando. Se estiver mal com esse período também, saiba que vai passar. Temos que nos cuidar e cuidar de quem está com a gente.

Aos amigos, estou ansiosa pelo fim da quarentena pra gente marcar um churrasco e eu poder fazer toda essa lavação ao vivo.

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