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05 Ago 2022 | 7 minutos • Carreira

Como foi a minha transição para Gerente de Engenharia

Os passos que percorri para fazer essa mudança

Ingrid Machado

Ingrid Machado

Engenheira de computação, especialista em engenharia de software. Autora deste querido blog.

Image de capa do post Como foi a minha transição para Gerente de Engenharia

Quando iniciei como Scrum Master, não imaginava o quanto a minha carreira estava tomando um rumo totalmente diferente do que eu imaginava. Entrei de vez para a gestão, fiz a transição de Scrum Master para Squad Leader e, recentemente, assumi o papel de Gerente de Engenharia. Por saber o quanto foi difícil entender o que mudaria e que outras pessoas podem estar passando pela mesma situação, quero compartilhar neste post como foi a minha transição para esta posição.

Para ficar mais fácil de entender o processo, fiz uma linha do tempo com o resumo dos passos que aconteceram:

Nas próximas seções, explicarei com um pouco mais de detalhes como cada uma dessas etapas aconteceu.

Motivação e contexto

No início de abril, foi anunciado o rascunho da nova estrutura da empresa em que trabalho. Até o momento, os times eram formados por um Squad Leader, um Product Manager, um Product Designer e quatro Desenvolvedores. Nessa formação todas as pessoas respondiam para o Squad Leader que, além de fazer a gestão dessas pessoas, também fazia a gestão dos processos.

Com a nova estrutura, o time seguiria sendo formado pelo Product Manager, Product Designer e Desenvolvedores, mas agora o papel de Squad Leader seria substituído pelos papeis de Gerente de Engenharia e de Agilista. O Gerente de Engenharia seria responsável apenas pela gestão dos Engenheiros (nova designação dos Desenvolvedores) e os Agilistas ficariam responsáveis pela disseminação da cultura ágil na empresa. O Product Manager passaria a responder para o Group Product Manager e o Product Designer para o Design Manager.

Essas mudanças foram propostas para tirar a sobrecarga do papel de Squad Leader. Além disso, a divisão em dois papeis permite uma gestão especialista e dá força para as frentes de Engenharia e Agilidade dentro da empresa. Outra justificativa para a proposta é o desenho do novo plano de carreira. A partir desse momento, teríamos o modelo de Carreira em Y, que permite o crescimento dos Product Managers, Product Designers e Engenheiros tanto nos papeis técnicos quanto nos de gestão.

De forma bem resumida, essas foram as mudanças anunciadas. Por isso, eu como Squad Leader precisaria escolher se iria ser Gerente de Engenharia ou Agilista.

Escolha entre os dois papeis

De início, eu ainda não tinha certeza do que escolher. Por isso, decidi fazer uma lista de prós e contras de cada papel. No final de abril, tivemos acesso ao que seria a descrição de cada um dos papeis em alto nível. E, de posse dessa lista, iniciei a minha própria análise, para entender o que fazia sentido no momento.

E por mais que eu tenha muita afeição com o papel de Agilista e goste muito de atuar como facilitadora (uma das atribuições listadas), o papel de Gerente de Engenharia me chamou mais a atenção. A proximidade com o dia a dia do time e a atuação como gestora de pessoas foram os grandes pontos a favor.

Desde quando iniciei a minha carreira, atuei em diversos momentos como uma gestora informal de pessoas. Sempre em treinamento ou esperando alguma coisa acontecer para dar o próximo passo. Onde estou agora, tenho a verdadeira experiência de ser uma gestora e de aplicar muitos dos conceitos que aprendo e compartilho. E escolhendo ser Gerente de Engenharia, enxerguei um caminho para avançar na gestão de pessoas, uma área que tinha explorado pouco de maneira formal.

E não digo isso por saber tudo que é preciso como Agilista, de maneira nenhuma. Mas sim porque entendi que o conhecimento que preciso adquirir como Gerente de Engenharia é bem mais vasto. E, para seguir motivada, entendo que era exatamente disso que precisava.

Avaliação de competências

Além da mudança no papel de Squad Leader, a nova estrutura também significava que eu teria uma nova liderança. A partir daquele momento, estava respondendo para o Diretor de Engenharia. O que significa que toda essa transição foi acompanhada por ele.

No início de maio, fiz uma avaliação de competências junto ao meu novo líder para entender em quais pontos precisava evoluir para atender ao que é esperado do meu novo papel. A lista de competências foi dividida em 3 visões: pessoas, projetos e processos. Num primeiro momento, para cada competência, preenchi de forma individual uma coluna chamada “Atende” com os valores “Sim”, “Não” ou “Dúvida”.

Depois, passamos por cada um dos pontos com as minhas observações sobre porque atendia ou não aquele ponto ou quais eram as dúvidas que surgiram preenchendo a planilha. Apesar de ter deixado muitos itens como “Dúvida” inicialmente, saí da conversa com várias marcações como “Sim” e sabendo o que teria que me aprofundar futuramente.

PDI

No final de maio, o meu líder e eu construímos um PDI focado na transição para Gerente de Engenharia e com o prazo acordado até o próximo ciclo de avaliação.

Nessa parte, preciso passar um pouco mais de contexto. No momento da construção desse PDI, estava atuando como Squad Leader e Product Manager. Por isso, além de trabalhar a minha transição, também incluí itens para conseguir me liberar de algumas atividades extras e me organizar para o momento em que estivesse sem o acúmulo de papeis.

O canvas utilizado possui 10 áreas:

  1. Estado atual
  2. Estado desejado
  3. Metas
  4. Evidências
  5. Recursos
  6. Alternativas
  7. Limitações
  8. O que você perde?
  9. O que você ganha?
  10. Como a sua liderança pode te ajudar a se desenvolver?

Depois de construído, o PDI vem sendo acompanhado quinzenalmente nos 1:1’s. Apesar de ser construído com o apoio do líder, a parte seguinte é bem dependente da minha dedicação. Por isso, a cada 15 dias eu trago o que fiz nos últimos dias para atingir as metas definidas no PDI e se ainda faz sentido o que planejamos.

Definição do papel de Gerente de Engenharia

No final de junho, foi facilitada uma dinâmica de “É - Não é - Faz - Não faz” para o time de Gerentes de Engenharia chegar a um consenso de quais atribuições deveriam fazer parte do papel. Além de aumentar o entrosamento do time recém-formado, também foi interessante identificar os itens em “Não é” e “Não faz” que faziam parte do meu dia a dia e precisaria delegar ou parar de fazer.

A partir desse momento, estava munida de uma definição comum a todos os meus colegas e liderança e que serve como base para as ferramentas que estou usando para acompanhar a transição.

Mudanças na Squad

Em julho, houve uma mudança na Squad que resolveu o meu problema de estar atuando como Product Manager num papel paralelo. A partir desse momento, me dediquei a fazer a virada das minhas atividades e, com o apoio de um colega Agilista, entender na prática quais partes do papel de Squad Leader ficaram com os Gerentes de Engenharia e quais ficaram com os Agilistas.

Assim como é difícil assumir muitas tarefas, é mais difícil ainda abrir mão de algumas coisas. Por isso, estou ajustando a minha agenda e o meu dia a dia para refletir o esperado no meu novo papel. Dentre as ações que eu tomei estão:

Os próximos passos

Daqui em diante, espero seguir estudando e atuando com o time. Por ter tido um pouco de insegurança no momento da escolha do papel, é normal que eu precise de bastante direcionamento do meu líder nesse momento. Mas, caso você se sinta assim também ao fazer uma mudança, saiba que é o papel dele estar disponível para te apoiar. Assim como você deve se manter igualmente disponível para o time num papel de liderança.

Finalizando os passos do PDI para a transição, pretendo construir um novo para a evolução no papel e, quem sabe, já entender o que é necessário estudar e praticar para dar o próximo passo.


Espero que compartilhar a minha experiência aqui tenha te ajudado a entender uma possível forma de assumir novas responsabilidades. Ir aos poucos e de forma guiada ajuda muito a passar por essas mudanças de maneira mais tranquila. Acredito que se tivesse feito essa mudança de um dia para o outro, certamente não teria me sentido pronta o suficiente. E, provavelmente, esse seria um post para compartilhar sobre como desisti da carreira de gestão.

Como sempre, os comentários e o email estão disponíveis para dúvidas e sugestões.

Até a próxima!

O link do post foi copiado com sucesso!

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